domingo, 7 de dezembro de 2008

São Paulo conquista o hexa e faz história

Depois de deixar escapar a chance de conquistar o título Brasileiro em casa, com o Morumbi lotado, o São Paulo viveu uma semana de expectativa. A pressão pela possibilidade de um tropeço era grande e ficou ainda maior com a mudança do árbitro do jogo decisivo.

Mesmo assim, o time fez valer o seu favoritismo, contou com um gol irregular para superar o Goiás por 1 x 0 no Bezerrão e conquistou seu sexto título nacional.

"Muitos foram campeões, alguns foram bicampeões. Mas tricampeões, só o São Paulo", resumiu o volante Hernanes. "O São Paulo é um clube grande, conhecido no mundo inteiro, e merece esse feito", concordou o ala Jorge Wagner.

O dia que antecedeu o confronto que definiu o Campeonato Brasileiro deste ano foi marcado pelo afastamento do árbitro Wagner Tardelli pela CBF por conta de uma suspeita de tentativa de suborno levantada pelo presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo del Nero. Mas os jogadores não demonstraram terem sentido a polêmica.

"Estou muito feliz. Esse grupo é muito especial", comemorou o atacante Borges. "Temos de dividir isso com os torcedores, a diretoria e todos que participaram. Conquistamos algo incrível", classificou o técnico Muricy Ramalho, que correu para agradecer à torcida assim que a partida acabou.

Com a conquista do Brasileirão de 2008, a equipe paulista conseguiu duas marcas históricas no torneio. Essa é a primeira vez que um time leva o Brasileiro por três anos consecutivos. Antes disso, Internacional, Flamengo, Palmeiras e Corinthians já tinham conquistado o titulo brasileiro em dois anos seguidos.

Além do tricampeonato inédito, o São Paulo consagra sua hegemonia nacional. O clube do Morumbi é o único a ter seis títulos brasileiros. O Flamengo “disputa” com a CBF a posição de pentacampeão, mas a entidade não reconhece a taça de 1987 dos cariocas. Dessa forma, ao lado dos rubro-negros, Vasco, Corinthians e Palmeiras venceram o torneio por quatro vezes.

Os comandados do técnico Muricy Ramalho apresentaram um futebol inconstante até o começo do segundo turno. Na primeira partida do returno, perdeu para o Grêmio por 1 x 0 no Olímpico, em Porto Alegre, caiu para o quinto lugar e viu os gaúchos abrirem 11 pontos. A reação, no entanto, começou depois de um empate por 1 x 1 com o Atlético-MG, quando a equipe jogou mal e o treinador teve uma "conversa mais séria" com o elenco tricolor.

Depois disso, o São Paulo subiu de produção e, ajudado por tropeços dos quatro clubes que estavam na frente - Grêmio, Cruzeiro, Palmeiras e Flamengo -, conseguiu voltar ao G-4 na 29ª rodada, assumindo a liderança da competição na 33ª jornada.

Com essa vitória sobre o Goiás, o time do Morumbi também chegou a 18 jogos de invencibilidade, recorde no torneio desde que os pontos corridos foram instituídos, mesma marca do Atlético-PR em 2004.

Apesar de jogar fora de casa, o São Paulo contava com a maior parte da torcida no Bezerrão, que empurrava o time desde o começo. Precisando de apenas um empate para levar o título nacional, a equipe paulista começou a partida pressionando o Goiás, mas falhava na hora de da conclusão.

A partir dos 15min, a equipe esmeraldina passou a ficar inteira em seu campo de defesa e os tricolores diminuíram a velocidade da saída de bola. Em pelo menos três oportunidades, o goleiro Rogério Ceni foi com a bola dominada quase até o meio-campo antes de mandar para o ataque. Mas mesmo jogando na retranca, o Goiás puxava rápidos contra-ataques que levavam perigo ao gol são-paulino.

Quando o Goiás estava melhor, o São Paulo abriu o placar. Com 22 minutos de jogo, o goleiro Rogério Ceni bateu falta no canto esquerdo de Harlei, que espalmou, Hugo pegou o rebote na direita e arriscou o chute de primeira, de esquerda, mas pegou mal na bola. Ela sobrou no meio para Borges, impedido, completar.

O primeiro tempo seguiu no mesmo ritmo, com o São Paulo pressionando e o Goiás ficando apenas com contra-ataque. "Ainda não tem nada resolvido. Faltam 45 minutos. O Goiás é uma equipe de qualidade e foi muito complicado encontrar espaços", disse o tricolor Hernanes, seguido por Borges.

"O jogo está equilibrado. Estamos brigando, procurando a vitória, mas sabemos que o Goiás tem qualidade. O mais importante é que conseguimos o gol e agora podemos manter no segundo tempo".

O segundo tempo adicionou mais um ingrediente à disputa pelo título nacional: a chuva. O gramado cada vez mais pesado e a visibilidade limitada tornaram o jogo ainda mais truncado, concentrado na intermediária. Sobretudo, porque o São Paulo recuou sua linha de marcação e apostou nos contra-ataques.

Com essa proposta, o time tricolor ainda conseguiu criar oportunidades para ampliar a vantagem. Em todas elas, porém, parou no goleiro Harlei, que teve atuação muito segura.

O jogo truncado só não atrapalhou a festa do São Paulo, que começou a comemorar o título aos 35 minutos do segundo tempo. A partir daí, gritos de "campeão" se revezaram com apreensão e silêncio até o apito final do árbitro Jaílson Macedo Freitas. A explosão de euforia dos visitantes, enfim, tornou-se completa no Bezerrão ao som de "hexacampeão".

GOIÁS
Harlei; Henrique, Ernando e Rafael Marques; Vitor, Fahel (Romerito), Ramalho, Júlio César (Adriano Gabiru), Paulo Baier e Thiago Feltri; Fausto (Alex Terra)
Técnico: Hélio do Anjos

SÃO PAULO
Rogério Ceni; Rodrigo, André Dias e Miranda; Joilson (Jancarlos), Richarlyson, Hernanes, Hugo e Jorge Wagner; Borges (André Lima) e Dagoberto (Bruno)
Técnico: Muricy Ramalho

Local: Bezerrão, no Gama
Árbitro: Jaílson Macedo Freitas (BA)
Assistentes: Milton Otaviano dos Santos (Fifa-RN) e Alessandro Álvaro Rocha de Matos (Fifa-BA)
Cartões amarelos: Rodrigo (SP), Paulo Baier (G), Vítor (G), Henrique (G), Rafael Marques (G)
Gols: Borges, aos 22min do primeiro tempo

Nenhum comentário: